sexta-feira, 22 de março de 2013

BECO SEM SAÍDA

O que é um beco sem saída ? A soma das seguintes partes:

Um governo que tem errado
na escolha de prioridades e na forma como aplica o programa a que está obrigado a cumprir;

Uma oposição dividida entre extremistas inconsequentes apenas preocupados com a matriz ideológica, e socialistas demagogos que apenas visam a chegada ao poder;

Um governo que teima em não reconhecer alguns dos seus erros e em não reformular os elementos "doentes" da equipa;

Uma oposição onde no canto da esquerda impera a agenda política das eleições a todo o custo e no centro é regida pela agenda pessoal de um líder partidário;

Um governo que não consegue passar uma mensagem, que tem um grave problema de comunicação e uma atitude política que deixa muito a desejar;

Uma oposição que clama frio em dias quentes e calor em dias frios, que não consegue apresentar uma estratégia plausível e exequível, sem entrar na utopia;

Um governo com demasiado ruído entre os seus parceiros de coligação;

Uma oposição triásica que nem a fazer oposição consegue um consenso, mas que se diz pronta para governar;

Um país que continua a ser gerido e regido por demasiados, onde cada uma das partes apenas se vê interessada no seu feudo e nada mais que isso;

Um país onde já ninguém ouve palavras ou ideias, apenas se ouvem pessoas ou grupos;

Um país agarrado ao Sebastianismo que, ora brada pelas "conquistas de Abril", ora reivindica "direitos" do estado novo;

Um país que ainda não percebeu que (utlizando a expressão de um amigo meu) a onda é bem maior que nós; individualmente e colectivamente.

quarta-feira, 20 de março de 2013

DE DO DO DO DE DA DA DA

 






O Tribunal  Cível de Lisboa, ao que parece, deliberou a favor da providência cautelar para o impedimento da candidatura de Fernando Seara à Câmara Municipal de Lisboa.

A polémica do "de" e do "da" sobre a possibilidade de autarcas com mais de três mandatos consecutivos, poderem ou não candidatar-se a municípios diferentes de onde exerceram as funções por 12 anos, resulta da Lei n.º 46/2005, aliás, uma lei complexa com dois (2) artigos, sendo que o primeiro tem três (3) números e o segundo é apenas dedicado às formalidades da entrada em vigor.

A singela lei está mal feita, não explícita e dada a estas confusões. A não existência de um preâmbulo, dificulta o entendimento do espírito da lei, pelo que, agora, cada um dos que participou na sua elaboração dirá o que melhor lhe aprouver.

A lei em causa foi uma tentativa legislativa de moralizar o sistema político e o meio autárquico português, em jeito de medida popularucha. 

Na altura, as Fátimas Felgueiras, Isaltinos, Avelinos, Valentins e outros tantos deste reino, com mais de 4500 presidentes autárquicos, eram os exemplos de compadrio, conluio, corrupção e outras formas degenerativas da democracia, que os partidos, o ministério público e os tribunais não conseguiram resolver.
Os primeiros por falta de coragem política, ética e transparência; o ministério público por incompetência (e sabe-se lá o que mais)  na condução das investigações; os últimos pela soma das duas partes e pela morosidade quase mórbida que assiste em todas as suas acções.

O que se tentou mostrar ao país é que haveria um avanço cívico e ético na política autárquica, limitando os autarcas a mais de três mandatos consecutivos, em nome da transparência. O legislador (Assembleia da República) foi parco em palavras e deixou tudo na mesma, pelo menos no que toca à ética e à transparência.

Ora vejamos: se o objectivo era não permitir a chamada política de clientelismo e a eternização de indivíduos à frente dos destinos de autarquias, então qual é a moral e a lógica de os fazer candidatos ao concelho vizinho e/ou limítrofe, ou mesmo a outro que diste 300km? O clientelismo não tem distâncias. Já a ética e a transparência deveriam ter as fronteiras bem definidas. E essas seriam o entendimento tácito de que três mandatos são três mandatos, independentemente da localização geográfica.

Toda esta polémica seria evitável se os partidos e os candidatos em causa tivessem bom senso, se houvesse uma constante renovação dos quadros políticos, se houvesse "trabalho de casa" feito pelas estruturas locais dos partidos. Mas essa realidade ainda está longe... não admira que muitos emigrem definitivamente da política partidária activa.

domingo, 3 de março de 2013

UM DESABAFO... QUE SE LIXE

Muitas vezes dou comigo a pensar:
 
Que se lixe o meu banco; que se lixe a EDP; que se lixe o Serviço Municipalizado de Águas; que se lixem o Pingo Doce e o Continente; que se lixe a Lisboagás; que se lixem todos aqueles que me prestam um serviço a quem eu tenho de pagar!

Depois destes pensamentos lixados chego à conclusão que eles é que poderão estar a lixarem-se para mim, e que sem eles não irei conseguir sobreviver, pelo menos sem adoptar uma vida tipo naturalista hippie, em modo eremita e nómada.

Assim, continuo, como já faço desde o período pré-troika, mando lixar outros tantos.

Que se lixe o meu clube; que se lixe o cinema; que se lixe o café fora de casa; que se lixe a revista semanal; que se lixe a roupa de marca; que se lixem os jantares fora; e que se lixem tantas outras coisa do género.

Só não consegui mandar lixar o tabaco e a televisão por cabo, os meus pecados mortais.

Seja culpa minha, dos governos, de todos os partidos, da sociedade, da União Europeia, dos sindicatos, dos tribunais, dos bancos, dos empregadores, dos movimentos «Que se Lixe», ou de outros quaisquer, há algo constante no mundo dos lixados: 
EU!
O lixado sou eu!

Que se lixe... foi apenas um desabafo lixado.