terça-feira, 25 de novembro de 2014

O CASO

Não sou jurista. Não sou comentador profissional. Mas tenho opiniões.

#1 A prisão preventiva: Ocorre-me um nome - Fátima Felgueiras -. Excesso de zelo? Talvez. Mas não consigo deixar de pensar nas "férias" de Fátima Felgueiras em terras de Vera Cruz ou de Vale e Azevedo por terras de Sua Majestade.
 

#2 O mediatismo e o show off da comunicação social e das próprias instituições jurídicas: Exagerado? Se fosse o Sr. Antunes, gerente de balcão de uma qualquer dependência bancária, seria. Este é um caso de um ex-primeiro-ministro. É matéria do domínio público. São indícios de corrupção ainda no exercício dessas funções. O resto... o resto é o exagero próprio do mundo do espectáculo televisivo, seja para um ex-primeiro-ministro, seja para o melhor jogador português de futebol, seja para o vencedor de um qualquer reality show televisivo... são as audiências que comandam, e essas somos nós que as alimentamos.
 

#3 Culpado ou inocente: Cabe à justiça, e só à justiça, determinar. Todos nós poderemos ter a nossa opinião ou convicção, mas a justiça e os tribunais serão soberanos. Não deixo porém de reflectir o seguinte; na vida existe a verdade, existem os factos, existem as diferentes versões e interpretações do que aconteceu. Na justiça e nos tribunais apenas existem os factos provados, apenas conta o que juridicamente possa ser admissível. E isso, por vezes, resulta num fosso entre a verdade da vida e dos factos e entre o que a justiça determina como a verdade e os factos provados. Mas esse é o preço de um estado de direito, de um estado minimamente democrático. Apesar de tudo, ainda bem que é assim.

terça-feira, 29 de julho de 2014

A MÁ MATEMÁTICA DOS PORTUGUESES

Os portugueses são, definitivamente, maus a matemática. Ou isso, ou eu estou desfazado da realidade.

Hoje (29/07/2014), uma cadeia de lojas de electrodomésticos (Media Markt) fez a sua promoção anual do 'Dia Sem IVA'. 
A avaliar pela reportagem que vi na televisão, a coisa foi um "sucesso".

Houve pessoas que chegaram às 7h30m da manhã e, segundo uma das funcionárias, até há pessoas que compram já para o natal.

A vontade de comprar mais barato, a meu ver, é sempre apetecível e um bom negócio. Mas será que este 'Dia Sem Iva' é assim tão rentável? Vejamos:

Peguemos no exemplo de um televisão com um preço base de 510€. Em condições normais e acrescido o IVA, este produto estará à venda por 627,30€ (PVP), i.e., 510,00€ mais 117,30€ de IVA.

Na promoção de hoje o produto foi vendido pelos 510,00€ (PVP), fazendo jus ao nome da campanha ('Dia Sem IVA'), ou seja, o cliente terá uma poupança efectiva de 117,30€. Mas este valor de poupança, em termos percentuais, apenas representa 18,7% do preço final (PVP) que pagava ontem ou (julgo eu) pagará amanhã (627,30€).

OK, e então? Continua a ser uma boa poupança! Certo.
A questão, mais uma vez, na minha opinião, é que 18,7% não justificam a euforia vista. Porquê?

#1 Muitas são as grandes cadeias de lojas (e já alguns casos do chamado 'comércio tradicional') que várias vezes ao ano colocam muitos dos seus produtos com descontos acima destes 18,7%. E não apenas em descontos/poupança de cartão;

#2 No mercado online nacional é frequente encontrar produtos com preços de venda ao público (PVP) com descontos muito acima dos 18,7% praticados no dia de hoje e com uma periodicidade bastante amíude. Se quisermos ir mais longe e tentar o mercado europeu, ou mesmo fora da Europa, então essas vantagens, mesmo com custos de portes incluídos, aumentam substancialmente;

#3 Existe hoje em dia um número já muito aceitável de websites das chamadas "compras em grupo" que oferecem, mesmo na área dos electrodomésticos, descontos que chegam a atingir os 60 e 70% face aos preços de mercado nas lojas tradicionais.

Desta forma não consigo atingir a motivação por este tipo de acção promocional.

Para terminar, dizer apenas que, excepção feita ao famoso 1 de Maio do Pingo Doce, nunca assisti a correrias desenfreadas aos descontos imediatos de 25, 30 ou 50% no leite, nos iogurtes, na fruta, na carne, no azeite, na pasta de dentes, no detergente da roupa, nas fraldas, etc., que proliferam diariamente nos super e hipermercados deste nosso cantinho à beira mar. 

Mas enfim, são opções e cada um sabe de si! Ou então, eu não percebo muito de matemática.





terça-feira, 10 de junho de 2014

Sei que não andas a viver os teus melhores dias, que não estás de boa saúde, que muitos têm fugido de ti, que outros já não gostam de ti, que tens sido maltratado e, até eu, por vezes, ando zangado contigo e farto de ti. Mas continuas a ser grande e a merecer todo o meu respeito.


Parabéns PORTUGAL!

sábado, 5 de abril de 2014

TIPOLOGIAS - ALGUNS ANOS DEPOIS

Em 17 anos lectivos que tive na minha vida, seguramente, "apanhei" cerca de uma centena de professores.

Além dos motivos de empatia e simpatia que possa ter tido, ou não, por cada um dos professores, do meu empenho, das notas obtidas, do gosto pela disciplina, ou da aptidão pela matéria leccionada, sempre tentei ser justo na avaliação que fiz a cada um deles.

E nesses 17 anos de escola e cento e tal professores, encontrei três diferentes tipologias de ministradores de conhecimentos;

OS FUNCIONÁRIOS:
Aqueles que se limitavam a cumprir os horários, a dar a matéria de acordo com os manuais, que dificilmente decoravam os nomes dos alunos, que aproveitavam todas as greves (da classe, de transportes, etc.) para fazer gazeta, que optavam sempre pelas "pontes" para não comparecer e que, regra geral, eram uns "bacanos". O nível de exigência era diminuto e não "chateavam" muito.

OS BUROCRÁTICOS
Os que insistiam em muitos planos de estudo, perdiam aulas inteiras a referenciar livros, conteúdos e objectivos, que guiavam a sua docência religiosamente pelos manuais e programas ministeriais, que tinham uma fixação pelo material usado pelos alunos (respeitando uma nota da direcção de educação ou do ministério). Para estes, a aula perfeita era uma leitura integral, em estilo ditado, de algumas páginas do manual, enquanto os "pirralhos" apontavam a matéria nos cadernos, obtendo assim uma duplicação de textos: no livro e no caderno. Os "porquês das coisas" para esta tipologia era uma dor de cabeça, normalmente resolvida com um singelo "não faz parte da matéria" ou "no próximo período vamos dar isso".

OS PROFESSORES
Esta tipologia, mais rara, tinha o "estranho" hábito de se interessar pelos alunos, pelas suas características e aptidões, de promover a discussão sobre matérias e conteúdos de forma não convencional, de perder aulas inteiras a explicar o "porquê" e o "como", de se levantarem do seu púlpito e deslocarem-se à mesa do aluno, de cumprimentarem os alunos nos espaços "extra sala de aula", de saberem o nosso nome sem recorrer às fichas, em suma, tinham o estranho hábito de serem professores.

Passadas quase duas décadas das minhas últimas experiências lectivas, vejo que nada mudou nestas tipologias. A única constatação é o aumento significativo de duas das tipologias e a escassez de uma delas.
Quais serão? 
 

quarta-feira, 26 de março de 2014

COMÉRCIO 24 HORAS

COMÉRCIO 24 HORAS

Há um proposta de Lei que visa liberalizar os horários do comércio, podendo vir a permitir a sua abertura durante 24 horas, com algumas condicionantes, por exemplo, os pareceres das autarquias.

Quem me conhece (bem) ou partilhou comigo algumas conversas sobre o tema comércio, sabe que há muito que defendo uma medida semelhante a esta. 

Não encaro esta medida exclusivamente no âmbito do alargamento do período de vendas e a eventual subida de receitas. Não é uma obrigatoriedade que assim seja.

O bom de uma medida destas é a possibilidade de adaptar os horários do comércio, principalmente, o chamado comércio tradicional ou comércio local, à realidade dos seus potenciais clientes.

Quem não está no desemprego ou trabalha por turnos, regra geral, tem horários que em pouco se adaptam aos praticados actualmente pelos comerciantes fora das grandes superfícies ou centros comerciais. Aliás, no meu ponto de vista, são os comerciantes é que não se adaptam aos horários dos clientes; uns por vontade própria, outros por falta de visão estratégica, outros por imposições regulamentares municipais ou nacionais.

A possibilidade de um comerciante poder adaptar o seu horário de funcionamento ao horário não laboral da sua clientela, pode ser um luxo na gestão do seu negócio. Veja-se o caso de estabelecimentos de restauração (cafés e pastelarias) perto de zonas de transportes públicos, que preferem abrir às 6h da manhã e encerrar mais cedo, pois sabem que a maioria dos seus clientes e o grosso da receita provém dos utentes de transportes públicos.
O que poderá vir a acontecer, é o mesmo para todas as outras áreas de actividade do comércio, em que cada um poderá adaptar o seu horário da forma que mais lhe convir.

O que eu lamento são as primeiras reacções de alguns comerciantes que ouvi na comunicação social.
Num espírito tão típico português, do fado malvado, do fatalismo, do está tudo mal mas não mexam em nada que assim está bem, da crítica fácil ao invés da crítica construtiva, entre outros lamentos dignos do velho do restelo, as lamúrias são tão belas como: "assim tenho de contratar mais pessoas para trabalhar e aumentar a despesa";  "Esta cidade está morta depois das 19h e não justifica abrir" (não sei qual a cidade, mas desconfio porque esteja morta). 
É certo que mais lamúrias estão a caminho, quanto mais não seja dos PPC (Profissionais do Protesto e Contestação) seja na versão sindicato, manifesto, movimento, rede social ou partido político.
Mas sim assim não fosse, não estaríamos em Portugal.