domingo, 29 de maio de 2011

TABUS DE CAMPANHA


Antes do início da campanha eleitoral já se sabia qual o futuro programa de governo – o do FMI. Sabíamos que, infelizmente, haveria troca de acusações fúteis que em nada contribuem para o esclarecimento dos portugueses sobre o futuro de Portugal. E tudo isto se confirmou da pior forma.

Temos assistido a discursos “papistas” sobre o estado social, a discussões sobre se o chamado acordo com a troika foi assinado na versão em inglês ou português, se o próximo governo dever ter 10 ou mais ministérios, se vai haver ou não novo referendo sobre a IVG, etc...
Sobre temas que possam dar sinais sobre o futuro de Portugal, quase nada.

Mas de entre os muitos compromissos assumidos pelo estado português e o FMI, há, pelo menos, dois que parecem ser perfeitos tabus: A forma como se irá “apressar” a resolução de milhares de processos judiciais em atraso e a reforma político-administrativa do nosso território.
Autarcas e magistrados. Percebe-se o tabu.

Com ou sem FMI parece que todos os partidos já tomaram uma decisão: manter o corporativismo existente em alguns sectores da nossa sociedade.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

EMAIL ABERTO aos SERVIÇOS DA CM VFX

O texto a seguir reproduzido foi o email enviado a vários serviços da Câmara Municipal e Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento de Vila Franca de Xira.
O episódio é verídico.

Exmos(as) Srs(as)



Venho desta forma relatar o seguinte episódio:



Hoje, sexta-feira 20 de Maio de 2011 quis efectuar a comunicação da leitura do meu consumo de água, através do número verde constante da factura –  800 200 610.


Antes de continuar, quero realçar o facto deste serviço ser de louvar, contribuindo para uma optimização de esforços entre os SMAS de Vila Franca de Xira e os seus clientes.

Poupa horas de trabalho aos funcionários que efectuam as leituras aos domicílios e permite um maior controlo sobre os gastos aos clientes (é só fazer cálculos depois de lido o consumo).



Mas prosseguindo no relato, às 19:30 do referido dia (dentro do horário indicado na factura para comunicações de leituras) liguei para o número verde e apenas obtive sinal idêntico à inexistência do número.



Estranhando o facto, resolvi tentar  obter informações junto dos serviços gerais dos SMAS através do número  263 200 600.



Fui atendido e ao expor a situação, responderam-me: “ O número verde está na hora de jantar”, ao que respondi: “Desculpe? Não percebi. Hora de jantar?”

Rapidamente desfizeram-me a dúvida: “Sim, hora de jantar. Só há uma telefonista e ela tem de jantar!”.



Face ao exposto, que apenas me recorda a rábula da guerra de 1908 interpretada pelo falecido Raúl Solnado, onde a guerra estava fechada, sugeria o seguinte:



Com todo o respeito pelo direito da(o) telefonista(o) em jantar, que colocassem o respectivo horário da refeição como informação adicional, para que os Vossos clientes não desperdicem o seu tempo em tentar utilizar um serviço que supostamente deveria estar activo e em permanência nos horários indicados.



Uma boa ideia sem a correcta aplicação torna-se num desastre de ideia.



Sem mais, com os meus melhores cumprimentos



João Carlos Martins

terça-feira, 10 de maio de 2011

QUEM DIZ O QUÊ.

A propósito de uma crónica de Ferreira Fernandes publicada no Diário de Notícias «« Primeiro contacto técnico do FMI »», em conversa com um conhecido meu, assumidamente de esquerda-centro (sim, porque é mais de esquerda do que do "centro"), dizia-lhe eu: 
"Este texto está muito bom. Retrata a nossa sociedade com uma boa dose de humor. O gajo (peço desculpa ao Ferreira Fernandes pelo termo) conseguiu uma grande crónica."
A resposta do meu conhecido esquerdista (raramente do centro) foi qualquer coisa como:
"Não consigo achar piada. Além disso é mais um bota-abaixo ao nosso povo. Diz mal da classe trabalhadora (o taxista, digo eu) e goza com os precários e desempregados (a filha do taxista, digo eu). Parece que somos todos ladrões e calões".
Face a tal argumentação, ainda insisti e perguntei:
"Mas não consegues ver a piada da coisa?.
O visado declarou-me um redondo e enorme:
"NÃO!"

Passado dois ou três dias, ironia do destino, fui parar ao perfil público do Miguel Portas no Facebook (sim, perfil público, pois não sou amigo do senhor). E qual não é o meu espanto quando vejo o seguinte post:

O espanto não foi pelo post publicado (apesar de não concordar com as suas ideias, reconheço valor, inteligência e bom senso ao Dr. Miguel Portas) mas sim pelo link que dá acesso ao "gosto" deste post (linguagem para utilizadores do facebook...modernices).
Adivinham quem fez um clique no "gosto" deste post? Claro, o meu conhecido esquerdista (raramente do centro). Garanto-vos que o riso foi apenas interior, mas foi com vontade. Ainda não voltei a encontrar o meu conhecido esquerdista (raramente do centro) e quando o fizer nem sei se lhe falarei em tal incoerência.

Posto este pequeno episódio apraz-me dizer o seguinte:
A maioria do povo português é igual ao meu conhecido esquerdista (raramente do centro); para eles o importante é quem diz e não o que se diz. Entra-se facilmente no rebanho e raramente se pensa para onde o rebanho os leva ou naquilo que lhes grita o pastor. E mesmo que haja uma raposa que os possa salvar, jamais irão com ela, pois nem sequer ouvem ou pensam no que ela lhes disse.

Talvez por isso, há alguns anos, alguém me disse: "Dificilmente chegarás longe na política. Pensas demasiado pela tua própria cabeça". 

E este pequeno episódio é recorrente no nosso quotidiano pessoal, profissional e social. É recorrente na classe política. É recorrente no nosso país. 
Talvez seja algo a corrigir por todos nós para podermos ter uma país mais sério, mais justo e mais desenvolvido.