terça-feira, 29 de novembro de 2016

SIMPLESMENTE CUBA...

A "discussão" sobre os benefícios e/ou malefícios da Cuba de Fidel Castro, ou a adjectivação positiva ou negativa sobre a pessoa e/ou líder político Fidel Castro, é tão falaciosa como saber se o bebé gosta mais do papá ou da mamã, ou se o Grupo Desportivo do Arrentela de Cima é melhor que a União Desportiva de Alguidares.

Os milhares de opiniões / comentários sobre Cuba e Fidel (os meus incluídos) estão todos subjugados pelas convicções, ideologias ou filosofias pelas quais nos regemos. As nossas "simpatias" políticas toldam-nos a isenção e impedem-nos de ter a distância necessária para o avaliarmos. Tudo fica pelo simples campo da opinião, mais ou menos fundamentada, mas apenas opinião.

Em rigor, e no que concerne à objectividade e à ciência política, uma coisa é certa:
Cuba foi - e continua a ser - uma ditadura.
Fidel Castro foi o líder dessa ditadura durante 49 anos, enquanto chefe de governo e chefe de estado.
Fidel Castro foi mais um ditador, como tantos outros na História mundial.


A partir daí, as inúmeras ramificações, leituras, análises, cenários, contextualizações, comparações, condicionantes, etc., que todos poderemos ter, de acordo com a leitura que fazemos dos factos e com as nossas próprias "crenças" políticas, apolíticas ou de qualquer outro cariz, serão sempre discutíveis e passíveis de contraditório.

 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

TRUMPICES, HILLARICES E DOMINGUICES


TRUMPICES E HILLARICES

« A boa notícia: Hillary Clinton perdeu as eleições; A má notícia: Donald Trump ganhou as eleições».

Lido algures na web é a melhor descrição que se pode fazer dos resultados da eleições americanas de 2016.


Surpresa? Alguma, não muita.
A surpresa é pela vitória de Trump. Não é pela derrota de Hillary, não é pela vitória do Partido Republicano.

Os EUA já tinham o predomínio republicano no congresso (confirmado nestas eleições). Desde 2012 havia uma tendência generalizada para o crescimento dos republicanos.
E do lado dos democratas, além de um vazio pós-Obama, Hillary nunca foi uma candidata forte e nunca convenceu. Sentou-se “à sombra da bananeira” achando que conquistar o máximo de votos anti-Trump era suficiente para ganhar. Nunca se empenhou em conquistar votos pró-Hillary, para além dos que estavam garantidos por concorrer pelos Democratas.
Obviamente existirão outras centenas de explicações demográficas, sociológicas, políticas e até paranormais para justificar a vitória de Trump e a derrota de Hillary. Umas mais válidas que outras, como em tudo na vida. Mas, por vezes, os factos não são tão complexos quanto isso. A simplicidade é sempre boa conselheira, mas para podermos aceder a essa simplicidade temos que despir as ideias preconcebidas, rejeitar os soundbites, e ignorar opinion makers e tendências de opinião. Olhar apenas para os factos. E isso não é exercício fácil para ninguém.

As eleições estão realizadas, e - mesmo sem gostar e/ou concordar - Donald Trump vai ser o 45º presidente dos EUA, excepto se houver um volte-face no sentido de voto dos grandes eleitores (o que, creio, seria inédito).

Posso estar enganado (espero não estar), mas confio que o sistema político, as instituições, a sociedade civil e os mecanismos legais americanos irão sobrepor-se a hipotéticas (mas prováveis) alarvidades presidenciais do Donald Trump.

Assim funciona uma democracia, neste caso, a dos Estados Unidos da América. 




DOMINGUICES
VÍCIOS PÚBLICOS E DECLARAÇÕES PRIVADAS



Nem quero abordar a justiça ou não da obrigatoriedade de apresentação das declarações de rendimentos e património por parte dos gestores e titulares de cargos públicos. Está na lei desde 1983 e não tem havido nenhum movimento e/ou razão significativa para que assim não seja.

A dúvida e a falta de transparência começa com o diploma publicado pelo governo de António Costa (Decreto-Lei n.º 39/2016), que pretende isentar a nova administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) das obrigações gerais previstas na Lei n.º 4/83 para controle público da riqueza dos titulares de cargos políticos e equiparados.

A questão da oportunidade do decreto-lei em vésperas de nomeação da nova administração da CGD, sugere um frete do governo à medida das exigências de quem foi convidado para o cargo.

A confirmação deste frete está na posição pública de António Domingues, o administrador da CGD. De António Domingues, e ao que parece, da equipa inteira.

Esta escusa que a administração da CGD pretende perante o Tribunal Constitucional (TC) é mais que motivo suficiente para não considerar esta administração portadora da lisura que se pretende na gestão do banco público.

Por muito menos, no passado, e em casos similares, houve consequências políticas. Agora? Apenas umas ténues bicadas, sem grande convicção, por parte dos partidos que suportam este governo.

Mais uma vez a agenda política de sobrevivência deste governo sobrepõe-se ao interesse do estado... A questão que se coloca: Até quando ir gerindo o país conforme as necessidades de sobreviver politicamente?

domingo, 30 de outubro de 2016

A SEMANA 43/2016

DOUTORES E ENGENHEIROS

Por estes dias, escrevi numa rede social: «A bajulação e o excesso de formalismo bacoco ainda existente em Portugal fomenta a desresponsabilização e acentua os "gaps" sociais».
O nosso estado (nos idos anos 90) padeceu da loucura das estatísticas e rakings da União Europeia. Entre muitas, a da educação e nível de formação académica, foi das que mais se destacou.
Não obstante, poderia ter sido um facto que não tivesse contagiado as pessoas. Mas contagiou, à semelhança da regra geral lusitana em assimilar rapidamente os maus exemplos.
E há coisas que vêm sempre à tona. José Sócrates e Miguel Relvas fizeram o "favor" de serem pioneiros na recente mediatização das falsas e/ou duvidosas licenciaturas.
E para não deixar esta arte esquecida, Rui Roque e Nuno Félix mantiveram esta nova tradição governativa em alta.
Em suma, são mais uns bajuladores oportunistas que necessitam do formalismo bacoco de um título académico para poderem vingar na decrépita rede de poder portuguesa.
Não me preocupa que este fenómeno possa existir noutras paragens; Preocupa-me a quantidade de casos que poderão existir na nossa sociedade (estado ou privados) que ainda não foram descobertos e andam para aí a decidir o meu presente e o meu futuro.



OS LOUCOS QUE GOVERNAM

Há uma tendência neste século XXI para alguns loucos chegarem ou tentarem chegar ao poder. Muitos dizem (e até certo ponto concordo) que é a falência da democracia tal como a conhecemos.
É preocupante e preocupa-me que a classe política (por todo o mundo) esteja a assistir passivamente a este fenómeno. Ainda mais preocupante é a crescente aceitação e "carinho" que alguns povos parecem ter por estes personagens. A história é cíclica, mas a memória, por vezes, é curta.
Reconheço que alguns daqueles que considero loucos, poderão ser os heróis para muitos outros; veja-se o caso de Nicolás Maduro. Mas isso faz parte da condição humana.
Esta semana ficámos a saber que um desses loucos, Rodrigo Duterte, recém-eleito presidente das Filipinas, tem uma linha de comunicação com Deus. Para um agnóstico como eu, é difícil aceitar estas "conversações" entre um ser terrestre e o Ser divino. Se juntarmos todas as atrocidades que Duterte tem cometido (e dito) desde que foi eleito - e ainda só passaram seis meses desde a sua eleição - podemos antever um novo epicentro de loucura pura, de demagogia, e de perigos para todo o mundo: As Filipinas.
É bom ficarmos em alerta!



JORGE "CÉREBRO" JESUS

O Sporting (SCP) cometeu, à 9ª jornada, a proeza de alcançar a condição de dependência de um dos adversários directos para ser campeão. Nada está perdido, é certo. Afinal, ainda faltam 25 jornadas e 75 pontos para disputar. Apenas cumpriram-se 26% das jornadas e o SCP "só" perdeu, até à data, 33% dos pontos em disputa. Alguns, no passado, foram campeões em piores condições à 9ª jornada.
O problema é o contexto. Vejamos: Jorge Jesus chegou a Alvalade há 15 meses; Chegou rotulado como "o melhor treinador português a actuar em Portugal"; Cumpriu uma época inteira e preparou na totalidade a segunda época; Tem tido condições e apoio directivo como nenhum outro treinador do SCP teve (que eu me recorde); Dispôs do maior orçamento do clube para o futebol profissional; Tem escolhido os "seus" jogadores de confiança (Bruno César e Markovic, são os expoentes máximos); Reiterou até à exaustão a sua responsabilidade pelos (aparentes) feitos da época passada e melhoria de performance da equipa e jogadores.
E agora? 
A confiança não impera, os resultados não aparecem, a desilusão cresce de dia para dia, os objectivos (práticos e exibicionais) distanciam-se a passos largos. As justificações recaem sempre sobre factores exógenos.
"(...) muitos dos reforços ainda estão numa 'espécie de pré-época'", diz Jorge Jesus. Mas quem é que programou a pré-época? Quem é que definiu o plantel? Quem é que escolhe "os melhores" para jogar cada jogo?
O sucesso e mérito no futebol - com raras excepções - faz-se de resultados positivos, objectivos cumpridos e títulos.
Jorge Jesus, no SCP, está longe de ser uma dessas excepções. Se para muitos tem sido uma surpresa, para mim tem sido o confirmar do que vi em seis anos no lado de lá da 2ª circular.

sábado, 2 de julho de 2016

AINDA O BREXIT

Muito se tem dito sobre a saída do Reino Unido (RU) da União Europeia (UE). Das inúmeras variantes que a questão coloca, uma das mais interessantes, e tendo em conta o resultado do referendo, é a possibilidade da Escócia continuar na UE, aliás, vontade já manifestada por Nicola Sturgeon, Primeira-ministra escocesa.

Esta hipótese escocesa já foi contestada por alguns representantes de outros Estados Membros da UE, nomeadamente, os espanhóis, com algum receio de um fenómeno copycat por parte da Catalunha ou mesmo do País Basco.

Mas há questões históricas recentes a ter em conta que conferem legitimidade à pretensão escocesa.

Em 1973, data da adesão do RU à Comunidade Económica Europeia (actual UE), o cenário político era completamente distinto do actual. Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte (1) eram desprovidos de governos próprios, estando sob o jugo governativo de Londres.

Só em 1998 com o Scotland Act, o Wales Act, e o Northern Ireland Act é que estes países passaram a ter um governo próprio e consequentes responsabilidades e autonomias.

Este "simples" facto altera por completo a forma com a Europa deve olhar para a Escócia. Não obstante a natural evolução do relacionamento, dos diversos acordos e regimes de excepção que o Reino Unido tem negociado com a UE desde 1973, a realidade política e formal passados 43 anos é totalmente diferente.

O cenário e a legitimidade institucional da Escócia de hoje é completamente distinto da época da adesão à CEE.

É por isso prudente e sensato (além de legítimo) que os responsáveis europeus oiçam e analisem o caso escocês à luz de 2016. Tal como o próximo governo inglês deverá estar aberto e sensível aos anseios dos escoceses, não optando por uma posição fechada desde o início. 

A história e as relações internacionais são mutantes e dinâmicas. Não estar atento aos fenómenos evolutivos dos estados, das nações, dos povos e das relações entre todos, pode ser perigoso. A história já nos demonstrou isso. Que não se cometam os mesmo erros.

(1)No caso da Irlanda do Norte, a Direct Rule de 1972 suspendeu o anterior governo até ao Belfast Agreement de 1998


quinta-feira, 14 de abril de 2016

O ECLIPSE POLÍTICO

Eclipse - substantivo masculino - Obscurecimento moral ou intelectual; desaparecimento. in, Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Partindo desta definição de eclipse será fácil entender o que aconteceu a Catarina e Jerónimo nos últimos meses.
 
O silenciar repentino, o desaparecimento das parangonas, o adormecimento na defesa das "causas" do BE e do PCP, mais que tudo, tem uma razão de ser:
Garantir uma "paz podre" que permita estabilidade governativa, não por "amor à causa" do governo, mas para impedir qualquer cenário que possa viabilizar eleições antecipadas e um hipotético regresso da direita portuguesa ao poder. Este é o grande objectivo de Catarina, Jerónimo e companhia - evitar governos de direita!

Em condições de "saúde" normais, os últimos tempos seriam de êxtase para a habitual verborreia do BE e PCP. Mas o eclipse que atingiu este quarto de lua parlamentar mostra-nos a subserviência pela qual optaram viver politicamente.

Depois da tomada de posse do governo houve uma  visibilidade natural dos agora eclipsados, para congratularem-se com as reversões, anulações e reposições implementadas para satisfação generalizada de gregos e troianos.

Com a chegada da campanha das presidenciais começou a fase do eclipse. Inicialmente parcial, mas claramente com sinais que iria ser total. Os resultados dessas eleições vieram confirmar o eclipse. Mais, o agrément mútuo e cordial entre PS e o recém-eleito Presidente da República, típico dos inícios de namoro, retirou o resto de moral política que restava ao BE e PCP.

Desde aí, foi o desaparecimento total!

Vejamos alguns exemplos que, se fosse um governo de direita, já teriam provocado a ira dos eclipsados, dado azo a capas de jornais, fomentado campanhas "espontâneas" nas redes sociais, e talvez uma ou duas manifestações populares;

- Conselho de Estado com os convidados Mário Draghi (BCE) e Carlos Costa (BdP): Não estivesse Francisco Louçã (O Engravatado) como conselheiro de Estado, e as frases da ordem seriam "É uma afronta à soberania nacional a presença do presidente do BCE, instituição que tanto mal fez aos portugueses nos últimos 4 anos" ou "Claramente uma submissão do Sr. Presidente da República ao poder capitalista e imperialista da banca e da finança". Mas em nome das causas de esquerda, agora está tudo bem.

- Caso "Bofetadas Salutares" de João Soares: Imaginemos um qualquer ministro da direita portuguesa (PSD ou CDS-PP) escrever no seu perfil de facebook, um post onde oferecia um par de "bofetadas salutares" a um qualquer cronista ou jornalista. No mínimo, Catarina, Jerónimo e companhia apelidariam de "fascismo", "censura", "prepotência" e, naturalmente, pediriam a demissão imediata! Uns suaves laivos de crítica foi tudo o que se ouviu... e apenas do BE.

- Demissão de João Wengorovius Meneses: Se algum secretário de Estado do anterior governo se demitisse por estar "em profundo desacordo com o modo de estar no exercício de cargos públicos" do seu ministro, o «SOS Indignados» que costumavam ser BE e PCP, já teriam exigido(!) uma comissão parlamentar para esclarecer o significado de tais palavras. Já teriam feito um ultimato ao ministro para que pudesse esclarecer o parlamento sobre o que se passou. Agora? Um eclipse total!

- Colégio Militar e demissão do CEME: Reconheço que BE e PCP não costumam dar muita atenção aos assuntos que envolvem as Forças Armadas. Mas não me parece que perante um "bombom" desta natureza, caso a tutela fosse liderada por um "imperialista de direita",  deixaríamos de ouvir Catarina e Jerónimo. "Um abuso discriminatório da autoridade militar", "ingerência ministerial" ou algo muito semelhante, teriam sido as palavras de ordem. Nos tempos que correm, nem audições ao ministro aprovam. Para a história ficam apenas as declarações de Vasco Lourenço, esse pai da democracia portuguesa.

- Diogo Lacerda Machado, a.k.a., The New Carlos Santos Silva: Apesar de algumas críticas iniciais, o fulgor de outrora desapareceu dos combativos camaradas bloquistas e comunistas. Por esta altura, caso fosse um governo de direita, já Manuel Tiago ou Mariana Mortágua teriam vindo apresentar uma compilação das ligações "estranhas" entre Lacerda e o estado. Já estaria em marcha o discurso oficial sobre os "boys da direita". A criatividade já tinha feito uma campanha gráfica nas redes sociais intitulada "Lacerda Papers". Agora é só picar o ponto ao de leve, não vá alguém achar que o governo pode cair.

- Elisa Ferreira: Ao que parece, já houve elogios pela escolha de Elisa Ferreira para o BdP, vindas de todos os quadrantes políticos. Ao que chegámos.... Pois fosse Elisa uma qualquer deputada europeia e economista, que fizesse parte desses "capitalistas políticos do PPE", indicada por um qualquer "governo explorador de direita", e já haveria novos tumultos na política portuguesa. Acusações de "querer controlar partidariamente o regulador" seriam as capas de jornais citando as declarações de Catarina e/ou Jerónimo. Mas os tempos não são para isso. Agora, todos (excepto Maria Luís Albuquerque) são honestos e isentos.

Em suma, BE e PCP venderam a alma política, não ao diabo, mas a António Costa.
 
O preço?
O eclipse político total, o abandono das causas, o silenciar dos protestos. 
 
A recompensa?
Um governo que não seja de direita.

Os danos colaterais?
A CGTP e o seu líder (aquele que disse de Abebe Selassie ser o "rei mago escurinho") que já não organiza tantas passeatas por Lisboa.
 
O brinde?
A comunicação social com a ausência de manchetes que possam  equacionar um cenário de eleições antecipadas.
 
A dúvida?
Quanto tempo aguentarão o eclipse, quanto tempo conseguem viver na caverna política?


terça-feira, 1 de março de 2016

É P'RÓ MENINO E P'RÁ MENINA

Quando uma sociedade se rege por "princípios" de "igualdade" e "não discriminatórios", fundamentados em teorias pseudo-intelectuais e em "moralidades" que mais não são do que hipocrisias e demagogias utópicas disfarçadas de comportamentos politicamente corretos, algo vai mal. 

E pior é quando assistimos ao aplauso de uns e à submissão de outros a estas políticas e comportamentos.

Vem isto a propósito da notícia que nos dá conta de que os Happy Meals da cadeia McDonalds vão deixar de ser para o "menino" ou para "menina".

Há algum mal nesta decisão? Nenhum. Até concordo com a opção da empresa. Não teria mal nenhum se fosse por opção estratégica de marketing, por opção financeira, ou por simples capricho dos decisores da empresa.


Mas não. É tudo em nome do hipocritamente correcto. A própria empresa subjuga-se ao hipocritamente correcto dizendo que "tendo analisado a situação, reconhecemos que esta situação pode ser mal interpretada e no futuro usaremos outra forma verbal de modo a certificar que não estamos involuntariamente a influenciar a escolha e variedade de brinquedos dos nossos jovens clientes."

E o aplauso alucinado e hipocritamente correcto não tardou. Da parte do governo, a Secretária de Estado da Igualdade diz que "Não há brinquedos de menino e de menina. Aquilo que se lê naqueles questionários e a prática de dividir brinquedos por sexo é uma atitude discriminatória que reforça os estereótipos de género. Obviamente não podemos [o governo] concordar com essa discriminação."

Não deve tardar que outros paladinos da moralidade e defensores da liberdade de todos, desde que seguida pela cartilha que defendem, venham aplaudir e clamar por mais "proactividade para a mudança".

A pergunta que se impõe: Porquê tratar por igual aquilo que não é igual? 
A resposta: Porque vivem-se tempos do hipocritamente correcto, da demagogia "popularucha", dos ideais utópicos. 


As raparigas são diferentes dos rapazes. O feminino é diferente do masculino.
Se devem ter as mesmas oportunidades? Os mesmo direitos? O mesmo respeito? Inequivocamente, sim! Mas continuam a ser diferentes.


Aproveito para deixar a outras empresas e aos ideólogos do hipocritamente correcto algumas sugestões:

- Acabar com casas de banho diferenciadas nos locais de trabalho e públicos;

- Eliminar as secções de homem e mulher em todas as lojas de roupa, perfumarias e afins;

- Proibir qualquer referência ao género - masculino e/ou feminino - em toda a publicidade, principalmente na de artigos de higiene íntima;

- Não separar os brinquedos nas lojas por género, tipo, material ou outro qualquer sinal distintivo;

- Eliminar a menção ao sexo no Cartão de Cidadão e nos demais documentos oficiais;

- Proibir qualquer pergunta em questionários oficiais sobre o sexo e/ou género;

- Proibir o slogan «É p'ró menino e p'rá menina. Há fruta ó chocolate».

Todas estas sugestões, obviamente, apenas visam a eliminação de "uma atitude discriminatória que reforça os estereótipos de género" e fomentar uma atitude que não esteja "involuntariamente a influenciar a escolha e variedade" dos cidadãos e clientes. Só assim teremos uma sociedade mais justa, mais igualitária.

Como se costuma dizer: Haja paciência!!!

E claro, três vivas ao hipocritamente correcto!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

RESTAURANTES, IVA, PVP E CLIENTES

Baixar a taxa de IVA na restauração é uma falácia.

Diz-se que é uma reivindicação dos representantes do sector da restauração e hotelaria. Vamos admitir que assim é. Mas será uma reivindicação com sentido?

O IVA não é pago pelos empresários do sector. É pago pelos clientes! 

Os empresários / comerciantes da restauração só o entregam ao estado. Funcionam como uma espécie de “fiéis depositários” ou de “intermediários” do valor pago pelo cliente. É certo que entra na contabilidade do «deve / haver» do IVA, com os abatimentos das aquisições que efectuaram. Mas, em bom rigor, quando uma pessoa paga uma refeição de 12,30€, apenas 10,00€ pertencem ao empresário. Os restantes 2,30€ são do estado.

Num cenário perfeito, o empresário / comerciante chegaria ao fim do dia ou da semana, apuraria o valor de caixa, o IVA correspondente, e colocaria essa verba numa conta à parte, especificamente para o IVA.

O que acontece na maioria dos casos? O empresário / comerciante usa o valor do IVA como uma espécie de empréstimo de tesouraria (sem juros) a 30 ou 90 dias. O senão é que, muitas das vezes, quando chega a altura de acertar o IVA com o fisco, a verba proveniente do IVA - que os clientes pagaram - já foi usada para fazer face a outras despesas correntes.
 

Noutra perspectiva, quando há alterações de IVA neste sector económico, RARAMENTE, são repercutidos nos PVP; Sejam aumentos, sejam baixas. Os acertos são pontuais e opta-se por outro tipo de estratégias, como por exemplo, diminuir as quantidades.
Isto significa que o consumidor final acaba por pagar os mesmos 12,30€ pela refeição (usando o exemplo anterior). Mesmo que haja acerto, é sempre o cliente que suporta essa variação, nunca o empresário / comerciante.

E será por existir uma taxa de IVA de 23% na restauração que as pessoas deixaram de ir a restaurantes? Não!
As pessoas deixaram de ir a restaurantes, como deixaram de ir ao cinema, de passear ou de consumir determinados bens. A perda de poder de compra levou a uma supressão generalizada nos hábitos de consumo dos portugueses. O sector da restauração sofreu o mesmo que outros tantos.

Não deixa de ser verdade que existem empresários / comerciantes do sector que quando houve a subida da taxa para 23% mantiveram os PVP bem como a oferta de produtos. Estes casos suportaram o aumento do IVA, não o imputando ao cliente. A opção de gestão que tiveram foi retirar uma parte da sua margem de lucro para não prejudicar o cliente.

Na prática, e usando a refeição de 12,30€ com exemplo, vejamos o que aconteceu:

Quando o IVA era a 13% :

Custo da refeição sem IVA - 10,88€ (inclui custos e margem de lucro)
IVA (pago pelo cliente) - 1,42

Quando passou para 23%:
Custo da refeição sem IVA - 10,00€ (perdeu 0,88€ na margem de lucro)
IVA (pago pelo cliente) - 2,30€ (o cliente paga mais 0,88€ referente a IVA, mas o mesmo PVP)

Agora parece que iremos ter o inverso (lá para Julho). O que se vai passar? O cliente continua a pagar os mesmos 12,30€ de PVP e o empresário fica com mais 0,88€ de lucro. O estado, por um lado, verá parte da sua receita diminuída, mas também reembolsa menos por altura de IRS (os 15% em sede de IRS serão sobre um valor mais baixo).

Haverá quem veja de outra forma? Claro que sim! Por isso é que não gostamos todos de amarelo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

LIÇÕES DE POLÍTICA PORTUGUESA

O que aprendi nos últimos meses com a política portuguesa?

Aprendi que não interessa qual o partido ou coligação mais votada. Tudo se resume (dentro da legalidade) aos acordos parlamentares pós-eleitorais;

Aprendi que não é fundamental os partidos enunciarem qual o representante que se apresenta como pretendente a primeiro-ministro. O que conta é a solução emanada dos ditos acordos parlamentares pós-eleitorais;

Aprendi que as matérias urgentes a discutir em início de legislatura são todas aquelas que o anterior governo não aprovou (não vou discutir a sua importância ou manifestar a minha opinião sobre elas);

Aprendi que o importante é recusar qualquer tentativa de orçamento, independente do que ele contém. O que deve ser analisado é quem o elaborou;

Aprendi que alguém que tenha muita exposição mediática não deve concorrer a actos eleitorais. É considerado “batota” e “desonestidade”. Todos devem ter no seu passado o mesmo “tempo de antena”;

Aprendi que afinal não gastar fortunas em campanhas não é justo. O que se quer é muitos outdoors, flyers, canetas, t-shirts e sacos de plástico;

Aprendi que mulheres com “caras engraçadas” e com discurso fluido não podem ser candidatas, pois não estão de acordo com a linha cinzenta e decrépita que deve ser mantida por todos os candidatos;

Aprendi que devemos manifestar e bradar a independência face aos (terríveis e nefastos) partidos políticos. Mas se obtivermos resultados catastróficos, devemos culpar os (terríveis e nefastos) partidos que não nos deram apoio nem serventia;

Aprendi que concorrer a eleições isoladamente ou em coligação pouco interessa. Para determinar vitórias em eleições, a soma das partes é SEMPRE maior que a maioria simples que os votantes escolheram;

Aprendi que qualquer um (partido, pessoa, coligação) que seja repetente em eleições só pode ser considerado vencedor se obtiver mais votos que da última vez que concorreu;

Aprendi que é fundamental para um candidato opinar sobre tudo e sobre nada. Cingir o seu discurso às matérias das competências do cargo a que se candidata é fugir ao confronto, é não ter opinião;

Aprendi que as pessoas não têm o direito de mudar e/ou evoluir nas suas opiniões. Alguém que, por exemplo, aos 16 anos de idade tenha afirmado que é contra algo (nem interessa o quê), deve manter essa posição até ser octogenário (no mínimo) e, se possível, punido eleitoralmente por essa mesma posição;

Aprendi que quando as condições climáticas não interferem nos actos eleitorais, dever-se-á, rapidamente, encontrar outros motivos divinos ou naturais que possam justificar a ausência de eleitores;

Aprendi que a abstenção são os insatisfeitos com os anteriores titulares dos cargos agora sujeitos a sufrágio. Nada tem a ver com o completo desinteresse pela política nacional, ou por falta de atitude cívica. O “povo” nunca é culpado... É uma espécie de «o cliente tem sempre razão»;

Aprendi que a política portuguesa, neste momento, resume-se a esquerda e direita (seja lá isso o que for...), na senda do «ou estás comigo, ou estás contra mim»;

Muitas coisas que aprendi e que continuarei a aprender com a política portuguesa. Isso é mau? Claro que não!
Se andar por cá mais alguns (muitos, já agora) anos, espero continuar a aprender coisas novas todos os dias. 

Nada deve ser imutável , muito menos a política, os políticos e a forma como cada um de nós vê o mundo que nos rodeia.

Mudarmos de opinião e de hábitos é sinal que estamos vivos, que pensamos, que nos preocupamos, que evoluímos, e neste caso da política, que temos capacidade crítica e que nos importamos com quem gere o nosso dia-a-dia.

Por isso, estas lições que retirei dos últimos meses políticos em terras lusitanas, com certeza, tornar-me-ão mais elucidado para um futuro próximo. Obrigado a todos os intervenientes nos vários processos eleitorais e afins!