domingo, 16 de outubro de 2011

INDIGNADO SOU EU!

Após leitura do blog de um amigo fala-barato.blogspot.com resolvi complementar, com outro ângulo, a sua opinião.

INDIGNADO SOU EU!
Indignado sou eu porque, nos últimos anos, fui obrigado a assistir a uma sociedade desmazelada e auto-destrutiva.

Os que agora se proclamam indignados são os mesmos que:

- Viveram sempre para além das reais possibilidades;

- Endividaram-se em créditos para as férias no México o na Rep. Dominicana; para os plasmas, lcds e playstations; para máquinas fotográficas profissionais (ou perto disso) que apenas utilizam no natal; para carros iguais ou melhores que o dos vizinhos; para casas iguais às que tinham mas no condomínio ou prédio do chefe (fica sempre bem); com créditos para pagar outros créditos;

- Queixam-se do preço dos livros escolares e das propinas dos filhos mas não abdicam dos cinco telemóveis para os três elementos do agregado familiar;

- Encheram as prateleiras, gavetas e arrecadações com uma parafernália de pequenos eletrodomésticos, livros, dvd, bicicletas e afins, comprados em promoções e a crédito, que nunca usaram e dificilmente o irão fazer;

- Só veem quatro canais televisivos mas não abdicam do pacote completo da televisão por cabo;

- Picam o ponto à hora exata de entrada para, calmamente, irem ao café da esquina tomar o pequeno-almoço. Quinze minutos antes da hora de saída já estão prontos e aproveitam estes últimos momentos do dia (pagos ao final do mês) para poderem confraternizar com os colegas;

- Apelidam o estado de ladrão mas não hesitam em pedir o “favorzinho”, na oficina e na consulta, de não lhes passarem fatura para não terem de pagar IVA;

- Acham normal levar para casa algodão, pensos e comprimidos do hospital onde trabalham; de tirar centenas de fotocópias dos livros do puto para a escola na repartição onde trabalham (os direitos de autor que se forniquem); de aproveitar a hora de expediente e o carro da autarquia para fazer as compras para o jantar; de levar a resma de papel, os lápis, as canetas e os agrafos para casa (o estado é rico, isto não lhes faz falta);

- Utilizam os meios ao dispor nos seus empregos para fazerem mais um biscate ao amigo a troco de um preço justo – igual ao de qualquer profissional da área;

- Utilizam os plafonds para a oftalmologia para os óculos escuros de marca para a família toda («o gajo do oculista em frente à igreja é meu compadre e trata da fatura»). De vez em quando ainda conseguem fazer negócio com uma venda extra;

- Conhecem de cor e salteado os direitos que lhes assistem no trabalho mas têm dificuldade em enumerar mais que um dever;

- Para eles, a campainha do prédio foi substituída por uma chamada de telemóvel e disso não abdicam (tem mais estilo);

 - Compraram ações como se estivessem numa feira a comprar farturas («não percebo nada disso, mas se o gajo rico tem, eu também tenho o direito e quero ter!»);

- Queixam-se do preço do pão, do leite, da carne e do peixe, mas nada que impeça de mais uma jantarada fora, enquanto os putos ficam na avó;

- Têm o emprego à porta do metro, do comboio ou do autocarro, mas vão de carro, que já chegou a vida inteira dos pais a andar de transportes;

- Enchem os Colombos, Allegros e Almadas Foruns (praias, se estiver bom tempo) nos dias de greve, nas baixas médicas e nos dias de assistência à família («Aturar as reuniões de escola com aquela corja de professores? Nem pensar. O miúdo já sabe ler»); Às segundas-feiras gostam de passar as manhãs nos hospitais e centros de saúde, a fim de conseguirem um belo de um atestado para descansarem dos excessos do fim de semana;

Isto e muito mais caracteriza a maioria dos indignados de hoje. Foram sprays gigantes de incúria que abriram enormes buracos na camada da sensatez, do pecúlio e do regrado.

Indignado estou eu!

- Quando sou atendido pelo estado ao mesmo tempo que sou presenteado com as gracinhas da noite anterior da Cátia Vanessa e do Ruben Emanuel, relatadas via telefone (do estado), por quem me atende;

- Quando pago a minha multa de excesso de velocidade (85 km/h numa zona de 80) enquanto o dealer (que tem na maioria das manifestações um belo leque de clientes) que foi apanhado a 190 na A5 para Cascais, não paga, vai a tribunal (com patrocínio oficioso) e fica absolvido, pois é titular do Rendimento Mínimo e dado como em situação de insuficiência económica;

- Quando sou olhado de esguelha ou me fazem esperar 10 minutos para me emitirem uma fatura;

- Quando a consulta é desmarcada à ultima da hora e depois encontramos a médica no cabeleireiro;

- Quando vejo muitos beneficiários do subsídio de desemprego, aproveitarem as horas livres (o dia todo) a trabalharem no restaurante, na oficina, na loja ou no simples biscate e auferirem (sem vínculo, é certo) o mesmo salário que o vinculado contratualmente.

Este é, maioritariamente, o nosso país.
Indignados?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

REPÚBLICA

PARABÉNS MIÚDA PELOS TEUS 101 ANOS.
 
Apesar dos mau tratos que tens sofrido tens conseguido sobreviver.
Poucos se aperceberam do teu real valor e todos acham que podem abusar de ti em prol dos interesses próprios.

Muitos evocam os teus valores e princípios, mas são ínfimos aqueles que seguem os teus padrões morais e cívicos.
 
Sobreviveste até aqui e vamos ver até quando.
 
Um bem haja para ti.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O BASTONÁRIO DA DEMOCRACIA









José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos e autor da brilhante ideia do imposto sobre a fast food, < O vídeo da notícia na rtp.pt > esquecendo-se de tantos outros tradicionais repastos que entopem as veias tanto ou mais que a capitalista fast food, teve agora mais uma síncope mental.

O profeta José Manuel Silva vem agora dizer que o povo português padece de cibercondria, o que dificulta a tarefa dos profissionais que ele representa (as minhas respeitosas condolências a esses profissionais pelo bastonário que têm).

Traduzindo, o Senhor Doutor e Ilustre Bastonário diz:

1#  A ordem profissional reconhece a incapacidade dos seus profissionais em efectuar correctamente uma das suas funções, ou seja, diagnosticar uma doença.

2#  A dita des(ordem) reconhece que os doentes "inventam e empolam queixas" e que "a internet tem todos os sintomas" facilitando a tarefa aos falsos doentes.

3#  Que face a isto é uma injustiça falar de falsos atestados médicos, pois os PROFISSIONAIS da saúde são habilmente ludibriados por qualquer cidadão com acesso à internet e que se quer baldar ao trabalho às custas do patronato. 

Perante isto, tão ilustre pensador (o José Manuel Silva, bastonário) encontrou uma solução:

Os mafiosos cidadãos, que ele acusa de "inventarem doenças" e "empolarem sintomas" passam a ser dignos e honestos cidadãos (assim de repente) e responsabilizam-se "pela sua declaração de doença, sob compromisso de honra".

Desta forma, os médicos - PROFISSIONAIS DA SAÚDE - deixam de ter essa tarefa árdua e ingrata de diagnosticar doenças e atestar, ou não, a incapacidade do doente para o seu trabalho.

Em suma, o  Zé Manel (sim, o bastonário) pretende desresponsabilizar os profissionais que representa dando voz ao povo. Um verdadeiro democrata!

Sugiro que outros sectores do estado sigam este exemplo. Parece-me bem que baste a minha palavra e compromisso de honra para dizer:
"Não Sr. agente, eu não ia a 145km/h" ou 
"Não Dra. Juíza, eu não esfaqueei o indivíduo que está na morgue" ou ainda 
"Sim Sr, já paguei todas as minhas contribuições e impostos".
 
Depois é só esperar por "um mecanismo ágil para responder a entidades empregadoras, públicas ou privadas, para ir a casa das pessoas" (ideia do Silva, o bastonário) para comprovar a veracidade de tais declarações e compromissos de honra, que caso se comprovem, serão alvo de um célere e eficaz processo no sistema judicial português.

TRÊS VIVAS AO BASTONÁRIO! 
VIVA O BASTONÁRIO! VIVA O BASTONÁRIO! VIVA O BASTONÁRIO!