Uma vez sapateiro, sapateiro toda a vida!
Esta é a generalidade
do pensamento português. Vem isto a propósito da nomeação de Alberto da
Ponte, antigo presidente da Sociedade Central de Cervejas, para
presidente do conselho de administração da RTP.
Não
conheço o senhor em causa, nem pessoal, nem profissionalmente.
Reconheço, que ainda não me dei ao trabalho de pesquisar na internet
quais os seus feitos profissionais ou qual o seu curriculum vitae donde,
não posso avaliar se foi uma boa ou má escolha.
Verifico é que, entre comentadores, cronistas, políticos,
jornalistas ou cidadãos anónimos, nos jornais, redes sociais e
comunicados oficiais de partidos e afins, a maior crítica que surge ao
tal de Alberto da Ponte e a esta nomeação, é de que a industria
cervejeira nada tem a ver com a televisão.
Seguindo esta
linha de pensamento, alguém que terminou os seus estudos, por exemplo,
em direito, e fruto da necessidade trabalhou como operador de call
center ou como agente imobiliário, jamais poderá ser considerado um bom
advogado.
Alguém que tenha estado 10 ou 15 anos no setor bancário e
que acabou dispensado, não estará apto para exercer outra atividade em
qualquer outra área, como por exemplo, gerir uma empresa de informática.
Um arquiteto que opta por deixar a sua atividade numa empresa de
construção e resolve dedicar-se à cozinha, porque até tem um dom
especial, não o poderá fazer, porque projetar edifícios nada tem a ver
com comida.
Reina a filosofia de um emprego para a vida, tão própria de outros tempos e regimes.
Não sei se o senhor virá a ser um bom administrador da RTP.
Sei,
que num estado onde a liberdade de escolha, balizada pela essência do
estado de direito, quem gere ou quem é gerido, seja por contratação ou
nomeação, ainda goza da faculdade de poder mudar de carreira, atividade
profissional, área profissional, tacho ou como queiram chamar-lhe.
Condenar à partida pelo passado (não pelo que fez, mas pelo que
foi) é defender que uma vez sapateiro, sapateiro toda a vida. E não me
parece que essa seja a sociedade em que eu queira viver.
Quanto aos considerandos políticos desta nomeação, é outra história. Mas isso não me dá azo para condená-lo a nado-morto nas suas novas funções ou decapitá-lo da sua liberdade de escolha.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comente. Diga bem ou mal. Explique-me.