sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

VOTAR É UM DIREITO E UM DEVER

Assisti a uma reportagem de uma acção de campanha de um dos candidatos à presidência da república, numa visita a uma faculdade de Lisboa.
Essa reportagem incluiu uma "mini" entrevista a duas estudantes universitárias, que ao lhes ser questionado se iam votar, pronta e convictamente disseram que não!

Não defendo a obrigatoriedade do voto, existente em alguns países, mas o fenómeno abstencionista no actos eleitorais em Portugal deve ser combatido, por vários motivos:

#1 - O voto (sufrágio) é um direito e um dever cívico, tal como nos diz o artigo 49.º da Constituição da República Portuguesa.


#2 - A conquista do sufrágio em Portugal é recente e devemos respeitar aqueles que lutaram por isso e que o consagraram constitucionalmente.

#3 - A abstenção voluntária é uma afronta para com os valores da democracia, para com a lei fundamental e, de certa maneira, um desrespeito para todos aqueles que num passado recente queriam votar livremente e não podiam.

Quer pela minha formação académica, quer pela minha experiência política, posso afirmar que a abstenção nunca será preponderante na preocupação dos políticos, enquanto comportamento cívico da sociedade.
A abstenção consciente, ou seja daqueles que não se revêm no sistema ou nas opções a sufrágio não acrescenta nada para a resolução da sua insatisfação.
A abstenção por desprezo e desleixo também nada acrescenta para o crescimento democrático e cívico de um país.
Ambas podem ser justificadas, pelos políticos, de várias formas; o clima, o período de férias, a influência de sondagens dando como certo determinado resultado, etc. Qualquer que seja a razão, as estruturas e cúpulas partidárias não ficam sensibilizadas e/ou preocupadas, excepto quando a abstenção influi directamente nos seus resultados, ou então é usada como desculpa para um resultado menos conseguido.

O voto em branco é diferente.
Votar em branco é um acto cívico. Votar em branco representa que alguém quer exercer o seu direito de sufrágio mas manifestar a sua discordância das opções ou do próprio sistema. Votar em branco pode ser uma forma de protesto para o estado de um país, região ou actuação dos políticos.
Além disso o voto em branco, quando em número significativo, preocupa os políticos, já que este representa aqueles que "se deram ao trabalho" de ir votar mas sem uma escolha concreta. São participativos mas não se revêm nas escolhas a sufrágio (candidatos). É o utilizar de um meio constitucional para dizer algo de diferente e isso, claramente, já preocupa os dirigentes partidários.
No dia em que o número de votos em branco forem superiores a de um partido político / candidato, mesmo que seja um "pequeno", é sinal de maturidade política, democrática e cívica de um povo. A acontecer tal cenário seria certo um sem número de debates sobre a matéria. E os políticos teriam de rever os seus discursos, actos e escolhas, ou arriscarem a ver emagrecer os seus resultados eleitorais.

Estive na política activamente durante 18 anos, como autarca e dirigente local de um partido. Sempre que ocorriam actos eleitorais, mesmo que do foro interno do partido, os votos em branco eram sempre vistos com maior preocupação do que os votos em diferentes fações internas, pois não se sabia qual o motivo das discórdias e qual a sua origem. A abstenção sempre foi encarada como desinteresse e desleixo, não representado qualquer preocupação política.



É por isso que, humildemente, gostaria de apelar a todos, independentemente da escolha, que no próximo dia 23 de Janeiro usem o seu direito de sufrágio e vão votar!

Quem me conhece sabe que votarei no Prof. Cavaco Silva mas também sabe que este meu apelo, mesmo para votar em branco, é genuíno. Não quero convencer ou aconselhar ninguém a votar no candidato A ou B, mas sim em exercer o seu direito de voto de forma livre e conforme a consciência o ditar.

Por isso, vão votar!

5 comentários:

  1. Boa noite João,

    são os politicos que fizeram as taxas de abstenção subirem e a eles e só a eles se deve o estado do nosso País.
    As elevadas taxas de abstenção são só e apenas um acto de desprezo, pela classe politica.

    Um abraço

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  2. Caro amigo João, como óbvio concordo que o acto de votar para alem de ser um direito deve também ser um dever de cada cidadão, mas como em tantas outras coisas nesta nossa Tugolandia as pessoas só sabem exigir direitos mas quando toca às obrigações parecem fazer ouvidos moucos.
    Acho que a maioria dos portugueses não sabe o verdadeiro significado do voto em branco e isso tambem não me lembro de ouvir explicar nos meios de comunicação ou mesmo nos tempos de antena que para alem de servirem para fazer campanhas tambem deveriam servir para esclarecer.
    Tambem concordo com o amigo Paulo Sousa, pois o valor das abestenções esta claramente ligado a qualidade dos políticos que temos, mas lá esta se as pessoas estivessem mais informadas talvez utilizassem o voto em branco.
    Por ultimo só um aparte, se o objectivo do blogue era simplesmente apelar ao voto não havia necessidade de divulgar a sua intenção de voto pois por alguma razão de o acto eleitoral para alem de ser um direito e um dever cívico também é secreto...
    um abraço
    António José Pinto

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  3. to António Pinto:
    Obrigado pelo teu comentário.
    Apenas esclarecer que o secretismo do voto é um direito que nos assiste no próprio acto da votação. A sua divulgação ou não é da consciência de cada um.
    Neste caso específico, a referência à minha escolha eleitoral, além de contextual, serve para reforçar a minha defesa do voto em branco em vez da abstenção, como uma linha de pensamento geral e não apenas porque me apetece votar em branco. Não individualizei ou tornei o tema conjuntural. Formulei opinião estrutural, independente da minha acção directa.
    Mais uma vez obrigado pelo comentário.

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  4. Embora sem oportunidade para as eleições referidas neste texto, como ag0ora fui alertado para ele, aqui estou a manifestar a minha concordância e o apreço para forma como está exposto.
    Já defendi várias vezes este sentido de voto, mas há sempre quem pretenda argumentar contra, embora sem razões válidas, talvez por preferir que todos os votos fossem para o candidato da sua escolha!!!

    Ujm abraço
    João, em Do Miradouro

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  5. to A.João Soares:
    Salvaguardadas as diferenças na escolha de candidatos (direito saudável que nos assiste), é pena não haver mais "doutrinários" destes princípios. Com toda a certeza que teríamos um país e uma democracia muito melhor.
    Um abraço.

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