terça-feira, 29 de novembro de 2016

SIMPLESMENTE CUBA...

A "discussão" sobre os benefícios e/ou malefícios da Cuba de Fidel Castro, ou a adjectivação positiva ou negativa sobre a pessoa e/ou líder político Fidel Castro, é tão falaciosa como saber se o bebé gosta mais do papá ou da mamã, ou se o Grupo Desportivo do Arrentela de Cima é melhor que a União Desportiva de Alguidares.

Os milhares de opiniões / comentários sobre Cuba e Fidel (os meus incluídos) estão todos subjugados pelas convicções, ideologias ou filosofias pelas quais nos regemos. As nossas "simpatias" políticas toldam-nos a isenção e impedem-nos de ter a distância necessária para o avaliarmos. Tudo fica pelo simples campo da opinião, mais ou menos fundamentada, mas apenas opinião.

Em rigor, e no que concerne à objectividade e à ciência política, uma coisa é certa:
Cuba foi - e continua a ser - uma ditadura.
Fidel Castro foi o líder dessa ditadura durante 49 anos, enquanto chefe de governo e chefe de estado.
Fidel Castro foi mais um ditador, como tantos outros na História mundial.


A partir daí, as inúmeras ramificações, leituras, análises, cenários, contextualizações, comparações, condicionantes, etc., que todos poderemos ter, de acordo com a leitura que fazemos dos factos e com as nossas próprias "crenças" políticas, apolíticas ou de qualquer outro cariz, serão sempre discutíveis e passíveis de contraditório.

 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

TRUMPICES, HILLARICES E DOMINGUICES


TRUMPICES E HILLARICES

« A boa notícia: Hillary Clinton perdeu as eleições; A má notícia: Donald Trump ganhou as eleições».

Lido algures na web é a melhor descrição que se pode fazer dos resultados da eleições americanas de 2016.


Surpresa? Alguma, não muita.
A surpresa é pela vitória de Trump. Não é pela derrota de Hillary, não é pela vitória do Partido Republicano.

Os EUA já tinham o predomínio republicano no congresso (confirmado nestas eleições). Desde 2012 havia uma tendência generalizada para o crescimento dos republicanos.
E do lado dos democratas, além de um vazio pós-Obama, Hillary nunca foi uma candidata forte e nunca convenceu. Sentou-se “à sombra da bananeira” achando que conquistar o máximo de votos anti-Trump era suficiente para ganhar. Nunca se empenhou em conquistar votos pró-Hillary, para além dos que estavam garantidos por concorrer pelos Democratas.
Obviamente existirão outras centenas de explicações demográficas, sociológicas, políticas e até paranormais para justificar a vitória de Trump e a derrota de Hillary. Umas mais válidas que outras, como em tudo na vida. Mas, por vezes, os factos não são tão complexos quanto isso. A simplicidade é sempre boa conselheira, mas para podermos aceder a essa simplicidade temos que despir as ideias preconcebidas, rejeitar os soundbites, e ignorar opinion makers e tendências de opinião. Olhar apenas para os factos. E isso não é exercício fácil para ninguém.

As eleições estão realizadas, e - mesmo sem gostar e/ou concordar - Donald Trump vai ser o 45º presidente dos EUA, excepto se houver um volte-face no sentido de voto dos grandes eleitores (o que, creio, seria inédito).

Posso estar enganado (espero não estar), mas confio que o sistema político, as instituições, a sociedade civil e os mecanismos legais americanos irão sobrepor-se a hipotéticas (mas prováveis) alarvidades presidenciais do Donald Trump.

Assim funciona uma democracia, neste caso, a dos Estados Unidos da América. 




DOMINGUICES
VÍCIOS PÚBLICOS E DECLARAÇÕES PRIVADAS



Nem quero abordar a justiça ou não da obrigatoriedade de apresentação das declarações de rendimentos e património por parte dos gestores e titulares de cargos públicos. Está na lei desde 1983 e não tem havido nenhum movimento e/ou razão significativa para que assim não seja.

A dúvida e a falta de transparência começa com o diploma publicado pelo governo de António Costa (Decreto-Lei n.º 39/2016), que pretende isentar a nova administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) das obrigações gerais previstas na Lei n.º 4/83 para controle público da riqueza dos titulares de cargos políticos e equiparados.

A questão da oportunidade do decreto-lei em vésperas de nomeação da nova administração da CGD, sugere um frete do governo à medida das exigências de quem foi convidado para o cargo.

A confirmação deste frete está na posição pública de António Domingues, o administrador da CGD. De António Domingues, e ao que parece, da equipa inteira.

Esta escusa que a administração da CGD pretende perante o Tribunal Constitucional (TC) é mais que motivo suficiente para não considerar esta administração portadora da lisura que se pretende na gestão do banco público.

Por muito menos, no passado, e em casos similares, houve consequências políticas. Agora? Apenas umas ténues bicadas, sem grande convicção, por parte dos partidos que suportam este governo.

Mais uma vez a agenda política de sobrevivência deste governo sobrepõe-se ao interesse do estado... A questão que se coloca: Até quando ir gerindo o país conforme as necessidades de sobreviver politicamente?