Hoje (29/07/2014), uma cadeia de lojas de electrodomésticos (Media Markt) fez a sua promoção anual do 'Dia Sem IVA'.
A avaliar pela reportagem que vi na televisão, a coisa foi um "sucesso".
Houve pessoas que chegaram às 7h30m da manhã e, segundo uma das funcionárias, até há pessoas que compram já para o natal.
A vontade de comprar mais barato, a meu ver, é sempre apetecível e um bom negócio. Mas será que este 'Dia Sem Iva' é assim tão rentável? Vejamos:
Peguemos no exemplo de um televisão com um preço base de 510€. Em condições normais e acrescido o IVA, este produto estará à venda por 627,30€ (PVP), i.e., 510,00€ mais 117,30€ de IVA.
Na promoção de hoje o produto foi vendido pelos 510,00€ (PVP), fazendo jus ao nome da campanha ('Dia Sem IVA'), ou seja, o cliente terá uma poupança efectiva de 117,30€. Mas este valor de poupança, em termos percentuais, apenas representa 18,7% do preço final (PVP) que pagava ontem ou (julgo eu) pagará amanhã (627,30€).
OK, e então? Continua a ser uma boa poupança! Certo.
A questão, mais uma vez, na minha opinião, é que 18,7% não justificam a euforia vista. Porquê?
#1 Muitas são as grandes cadeias de lojas (e já alguns casos do chamado 'comércio tradicional') que várias vezes ao ano colocam muitos dos seus produtos com descontos acima destes 18,7%. E não apenas em descontos/poupança de cartão;
#2 No mercado online nacional é frequente encontrar produtos com preços de venda ao público (PVP) com descontos muito acima dos 18,7% praticados no dia de hoje e com uma periodicidade bastante amíude. Se quisermos ir mais longe e tentar o mercado europeu, ou mesmo fora da Europa, então essas vantagens, mesmo com custos de portes incluídos, aumentam substancialmente;
#3 Existe hoje em dia um número já muito aceitável de websites das chamadas "compras em grupo" que oferecem, mesmo na área dos electrodomésticos, descontos que chegam a atingir os 60 e 70% face aos preços de mercado nas lojas tradicionais.
Desta forma não consigo atingir a motivação por este tipo de acção promocional.
Para terminar, dizer apenas que, excepção feita ao famoso 1 de Maio do Pingo Doce, nunca assisti a correrias desenfreadas aos descontos imediatos de 25, 30 ou 50% no leite, nos iogurtes, na fruta, na carne, no azeite, na pasta de dentes, no detergente da roupa, nas fraldas, etc., que proliferam diariamente nos super e hipermercados deste nosso cantinho à beira mar.
Mas enfim, são opções e cada um sabe de si! Ou então, eu não percebo muito de matemática.