Em 17 anos lectivos que tive na minha vida, seguramente, "apanhei" cerca de uma centena de professores.
Além dos motivos de empatia e simpatia que possa ter tido, ou não, por cada um dos professores, do meu empenho, das notas obtidas, do gosto pela disciplina, ou da aptidão pela matéria leccionada, sempre tentei ser justo na avaliação que fiz a cada um deles.
E nesses 17 anos de escola e cento e tal professores, encontrei três diferentes tipologias de ministradores de conhecimentos;
OS FUNCIONÁRIOS:
Aqueles que se limitavam a cumprir os horários, a dar a matéria de acordo com os manuais, que dificilmente decoravam os nomes dos alunos, que aproveitavam todas as greves (da classe, de transportes, etc.) para fazer gazeta, que optavam sempre pelas "pontes" para não comparecer e que, regra geral, eram uns "bacanos". O nível de exigência era diminuto e não "chateavam" muito.
OS BUROCRÁTICOS
Os que insistiam em muitos planos de estudo, perdiam aulas inteiras a referenciar livros, conteúdos e objectivos, que guiavam a sua docência religiosamente pelos manuais e programas ministeriais, que tinham uma fixação pelo material usado pelos alunos (respeitando uma nota da direcção de educação ou do ministério). Para estes, a aula perfeita era uma leitura integral, em estilo ditado, de algumas páginas do manual, enquanto os "pirralhos" apontavam a matéria nos cadernos, obtendo assim uma duplicação de textos: no livro e no caderno. Os "porquês das coisas" para esta tipologia era uma dor de cabeça, normalmente resolvida com um singelo "não faz parte da matéria" ou "no próximo período vamos dar isso".
OS PROFESSORES
Esta tipologia, mais rara, tinha o "estranho" hábito de se interessar pelos alunos, pelas suas características e aptidões, de promover a discussão sobre matérias e conteúdos de forma não convencional, de perder aulas inteiras a explicar o "porquê" e o "como", de se levantarem do seu púlpito e deslocarem-se à mesa do aluno, de cumprimentarem os alunos nos espaços "extra sala de aula", de saberem o nosso nome sem recorrer às fichas, em suma, tinham o estranho hábito de serem professores.
Passadas quase duas décadas das minhas últimas experiências lectivas, vejo que nada mudou nestas tipologias. A única constatação é o aumento significativo de duas das tipologias e a escassez de uma delas.
Quais serão?